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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Passando por uma pequena vila

Passando por uma pequena vila, no sul de onde hoje é o Irã, pude perceber sua singularidade animalesca e bucólica, não sei por que, mas aquela rua entre a feira me transmitiu esse sentir.
Caminhei ate um sábio ancião, afinal, estava ali por buscar respostas, antes nunca encontradas. Amardad era um sujeito pacato, isso me tivera chamado a atenção, ele trazia em seu campo áureo uma energia misteriosa, todos na feira disputavam os olhares dos transeuntes que por ali estavam, mas Amardad estava quieto.
Fingi estar interessado em alguns produtos têxteis, e com boa fluência perguntei ao individuo animado em querer me persuadir a levar os tais panos, quem era aquele ancião, quem o era, por que estava tão silencioso.
O mágico dos tecidos me disse que ele tinha sido um bom homem, mas que uma tragédia lhe tinha atingido, como numa espécie de meteorito, me confessou que o velho vira sua vida cair ao chão. Ele era um poderoso monarca da região e devido a tal posição retinha grande proporção de riqueza, mas uma doença de ordem acidental lhe tinha retirado a vida de seu único amor, desde então ele passa o tempo olhando para o mesmo local, o mesmo tempo, onde tinha conhecido sua violeta.
O mesmo rapaz ainda me dizia que às vezes ele sumia e fazia isso regularmente desde então, eu que tinha curiosidade para enxergar mais de perto a vida daquele ancião, estava hiperbolicamente fascinado por aquele sábio, nesse dia tentei em vão encurtar a distancia entre nós, passaram-se dias e em todos fui ao mesmo lugar na mesma hora, mas sempre estava eu a voltar para minha tenda sem ganhar o que eu queria.
Já tinha me despido de qualquer esperança, mas mesmo assim fui mais uma vez ao local, e cansado daquele historia, tentei buscar, outra forma de resposta e assim verifiquei os lindos pássaros a voarem, diferentes de tudo que eu já tinha visto, as lindas arquiteturas, que antes eu via somente destroços, pude crer na vida, já que num canto fui testemunha do nascimento de uma linda flor, além da alma do lugar.
Nesse momento uma borboleta posou em meu ombro, e encantado com o mundo que tinha descoberto a segui com o olhar, corri para alcançá-la e para minha surpresa ela se recantou no mesmo velho ancião. Amardad então me chamou, fiquei estupefato e em silencio mortal fui ao seu encontro, num gesto me pediu para sentar ao seu lado, e como um pai que me desse aval para seguir em frente, me olhava enfaticamente em minha alma e em silencio me falava, o seu sim.
Já gaguejando perguntei por que só agora, já que tinha que sair da cidade já no outro dia, sendo esse o meu ultimo dia no vilarejo. Ele com sua calma, e me revelando sua grave voz pela primeira vez, me disse que foi somente agora que eu tinha visto o que ele via, que passamos pela vida e podemos passar mais de uma vez, e mesmo assim poderemos também não vê-la.
Me falou que ficava ali vendo tudo o que as nuvens lhe deram, e que via sempre mais, e sempre se perguntava como aqueles irmãos não podiam, ou mesmo não queriam ver o que ele sorridentemente via. Me confessou que aquilo lhe fazia lembrar de uma época em que não se orgulhava, mas que lhe dera tudo o que tinha hoje. Intrigado, pois já sabia um pouco de sua história pedi que me explicasse melhor, foi quando ele calmamente me falou que devia prestar mais a atenção por onde eu caminhava, pois teria que falar e perguntar ao vento o meu caminho, mas que o vento tem seu sarcástico humor e poderia me levar à loucura. Disse-me que provavelmente tinha ouvido que ele tinha sido rico e feliz, mas que por uma tragédia tinha endoidecido, apesar de muitas pessoas irem buscar nele, vergonhosamente, respostas. Nesse momento parou, sentiu a brisa leve que nos tocava e continuou, as pessoas buscam sempre a atitude certamente incerta por acharem que o achar é certeza e que suas ações não voltaram a sua porta.
Ele me disse que as pessoas estavam enganadas, hoje, ele era muito mais feliz, mas que isso teve que ter um preço a se pagar, quando jovem deixou o dinheiro e o orgulho tomarem conta de seu ser, que por milagre tinha conhecido sua violeta, mas o dinheiro era vindo do trabalho dos outros e que nunca tinha prestado a atenção, em quanto sua rainha era especial, responsável e linda, um dia em meio a uma discussão ela saiu disputando espaço com raios, trovões e muita chuva, foi a ultima vez que ele a tinha visto em vida.
Desde então ele sumia para encontrá-la na mais alta montanha, gritava e sentia-a, a lhe responder, voltava e tentava com que podia ajudar as outras criaturas, assim tentava sempre mais escutar, principalmente as nuvens, as mesmas que levara sua amada e que te trazia toda as manhas muito mais aprendizado.

Um comentário:

  1. cristiane coelho borges30 de dezembro de 2011 às 19:11

    viajei agora Allan, muito temos a refletir com essa cronica, perfeita , para sabermos que somos pequenos, mesmo assim soberbos, parabéns !!!

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