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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Para ver-lhe feliz


   Caminhei exaustivamente até poder perder meus sentidos, afinal, foram eles que me levaram até ti, minha desgraça e minha graça mais rara, andei sem parar para tentar enterrar você, para entender que cada existência é uma e que agora só me restava esperar pela próxima, torcendo para que perceba a minha mais guerreira face, o mais leal sorriso, aplaudindo o véu invisível que te cobrirá e que fará esquecer-se de meus e seus atos heroicos e amedrontados.

   Após a longa jornada aprendi que para voar, basta pular, que para andar, basta levantar-se, justo eu que acreditava na paz, que nenhum monstro de três cabeças e fedorento iria nos atrapalhar, senti que era cega, era burra a paz que eu me lançava.

   Lutei em vão em meu passado recente e pueril, empunhei minha espada e bainha com destemido respeito, joguei olhares mortais que ardiam querendo o sangue azul inquisitório da realidade que nos assolara, recordo-me que enfrentei o dragão com muita diplomacia, e com bravura o matei esquecendo de coisas mais simples, porém não mais complexas que nossa relação, minha obcessão nos levou ao caos, nos perdemos quando nos encontramos verdadeiramente.

   E agora mesmo eu tendo andado para fora de nosso reino, mesmo depois de caminhar pela ruazinha mais tenebre e avançar pela floresta mais deserta, voar pelo deserto mais povoado que alguém possa imaginar, após jogar-me da ponte de nossos olhares e sorrisos e nadar no mar de lágrimas, deixando as madrugadas perplexas e nervosas, mesmo depois de chegar onde nem mesmo eu cheguei, de perder os sentidos, você vem em meus sonhos maduramente infantis e esperançosos me assombrar, me levar a ideias e ideologias de que posso tentar mais uma vez.

   Não posso me enganar, eu lhe enterrei entre o campo de laranjeiras sóbrias e o jardim de margaridas lagrimais, eu errei, minha espada lhe acertou, suas intenções me doparam, matei o dragão, paguei um preço alto pelo meu tédio de sempre lhe salvar e nunca ser resgatado, por isso eu sai, por isso eu não te contei, foi para lhe ver feliz, que eu no minuto seguinte iniciei meu silêncio e andei. 

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