Ele estava afobado, parecia cão
em dia de rinha, a impaciência tomava-lhe o corpo e mente, deixava suas portas
abertas para quem quisesse entrar, e o transito não parecia lhe ajudar, passava
de primeira para segunda e de segunda para o pare, seu coração não silenciava,
pensava consigo como seria daqui para frente.
Sua estrada está mudando entre
seus dedos, dissolvem-se as paisagens de puro prazer para uma folha em branco
que ele teria a partir de agora criar suas flores preferidas, com o detalhe de
não poder ser repetitivo, isso a essa altura era impossível.
O transito andava com inveja das
formigas, sendo assim, não esperou, subiu com amor à calçada e seguiu seu
caminho sem voltas, na verdade com muitas voltas, preferia assim, já que
percebera que naquele lugar onde estava o mar não levaria todas suas barreiras.
No auge de suas 99, 42 milhas por
hora, contornando curvas, tal qual chinês amolador de destino corporal, pensava
em como reconstruir algo que nunca tinha construído, como levar um búfalo ao
inferno, como educar sem mostrar sua deseducação, como resignificar nosso
coiote yankee.
A dúvida persistira, mas só Kronos e Kairos podem lhe responder, e eles estavam
de olho, sem perceber sua intenção fora a certa, apesar das volta, ele tinha
sido rápido, retinha em seu veiculo a luz prestes a brilhar em seu novo mundo.
E ela vinha em 120 cavalos, rápida como sua
intensidade energética, eficaz como o amor, reluzente como um Sol e linda como
os jardins do Éden, mas a pressa também tinha alcançado um novo Sol.
O veiculo virou-se colocando em
check sua resistência, no banco de trás um Sol queria nascer, as dores já eram
infinitas, a ansiedade já se fazia ultrapassada, tinha ficadono começo do
percurso, agora já era um feliz desespero.
Parado ele desceu e como um príncipe
agarrou em seus braços um Livro em branco e da mais pura das energias, e
imediatamente subiu as escadarias, gritando colocou-a na maca, chorando a
deixou seguir seu objetivo.
O relógio agora era seu terrível companheiro,
quando veria pela primeira vez seus olhos, quando sentiria sua pequeninas mãos
segurar as suas, mas para sua surpresa foi chamado na recepção, uma moça nos
altos de sua cara carrancuda perguntou-lhe se queria acompanhar o despertar de
uma estrela, ela com sua afobação tinha esquecido. Imediatamente direcionou-se
a uma sala, vestiu todos os equipamentos de segurança necessários, e adentrou
entre quatro paredes que iria mudar sua vida para sempre, era um momento uno,
de rara beleza, sentia-se um lord, sentia-se o mais feliz, era um privilégio
compartilhar esse feeling com todos os presentes, apesar de ver somente mais
duas pessoas, as mais importantes para si naquele momento e para os vários
momentos que se seguiriam até a chegada da eternidade.
E um momento depois, talvez 10 ou
120 minutos, um raio de sol nasceu, uma energia resplandeceu, uma aurora boreal
se fez em seus olhos, seu coração acelerou-se, chegava a hora de acolher em seu
colo um astro-rei, uma supernova em seus braços, e viu-se então naquele momento
um universo se formar em plena sala de parto, com, talvez, seus 40 m2
.
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