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sábado, 4 de agosto de 2012

Geração Covardes


  Assustado com a situação de seu mundo e ainda temendo desesperadamente que aquelas energias chegassem a seu reino o Rei Tamâncio I pensava num modo caloroso de proteger seu povo, nada lhe vinha à cabeça, tudo chegava com a rapidez de mil cavalos andaluzes, em breve seu reino estaria em volto pelo mal, inebriado pela promiscuidade, afastado de seus pensamentos.

  Cansado, Rei Tamâncio I adormeceu aos braços do Deus Fobos, sonhando com Têmis, afinal não saia de sua mente seus juramentos, quando ainda jovem assumiu o trono, diante de sua família e seu povo. 

  Acordou e mesmo estarrecido pelo mal estar de ver que eram apenas 3:00am, o Rei Tamâncio I levantou-se com dificuldades e se encaminhou a varanda, onde viu homens treinando suas mentes, seus corpos, suas habilidades, artísticas, sedutoras e de guerra, debruçou-se sobre o lindo parapeito de rosas revestido pelo ouro, douradas memórias de antepassados guerreiros e patriotas, que deram suas vidas à aquele reino. Em meio ao estresse da madrugada o rei reparou que um curiango voava e delirava-se por um amanhã eu vou, em um momento de extremo foco protege-se em um buraco na arvore fugindo dos Burigas, seres serelepes e travessos, fascinado como a ave protegera-se, nem rememorizou que em alguns cantos do planeta, ela é sinônimo de uma sina duvidosa.

  O Rei então vagarosamente inclinou sua face para o alto, reclinou-se viu seu leito de repouso, sentiu em sua nuca o chamado caloroso do dia raiando, ele não podia, era sua obrigação proteger seu povo e assim com o raiar do dia, com seu sorriso diplomático e o mais importante, com seus olhos cobertos pelas chamas da criação e da coragem.
Imediatamente ordenou que construíssem altos muros, muros esses que de tão resistente, não seriam vistos, nem pelos Deuses, chamou seus mais renomados homens de corações mentais e lhes aferiu poderes para que pudessem retirar das águas o poder de reter energias, de proteger seu povo e de ficar invisível refletindo o mundo, lembrou aquele momento das histórias que sua avó contará sobre Narciso. 

  E assim foi feito, feitiçarias em favor de um reino todo, parecia milagres dos Deuses, ou seria dom do habilidoso Rei Tamâncio I, seria ele capaz de enganar o mundo a favor de seu povo, ele sabia e acreditava que toda ação tem consequências, mas naquela altura dos fatos o humilde Rei pensava qual o valor de um Rei se ele não se sacrificar.

  Sabendo que os Deuses lhe mandariam suas consequências, mesmo assim, deu-se prosseguimento aos trabalhos no reino, com o passar do tempo o povo viu um Rei se transformar em mágica, em mártir, em mito, um Deus vivo entre os pobres mortais. Eles o idolatravam, seus exemplos tinham mudado o reino, os lares de cada habitante, transfigurando guerra em paz e as mentes criadoras do mundo entendiam isso.

  O tempo se passou, e até os próprios habitantes tinham esquecido que o reino era apenas parte do mundo e não o mundo era parte de seu reino, muitos já haviam partido rumo à viagem do infinito, outros há tempos tinham nascido, o reino mudará, se em cada conto aumenta-se um ponto, quantos pontos não haveria de ter aumentado durante esse tempo.

  Já era final de seu mandado e Rei Tamâncio I sabia que sua viagem estava agendada, sentia com as mãos que os habitantes passaram de guerreiros para benfeitores e de tais para hipócritas, seguidores de Hipócrito, filosofo misto de gênio e louco, o Rei ainda percebia que se sua viagem agendada estava, suas consequências estavam a baterem os portões, que mesmo ele não se lembrava, onde ficavam, viu-se ai que seus males já estava entre eles, o Rei reconhecia sua fragilidade e sua burrice, já que suspeitava que alguém ou alguma coisa pudesse bater e destruir sua fortaleza.

  E como previsão seus medos entraram em seus círculos cíclicos, através de desbravadores, monstros guerreiros adoradores de Hades, que se personificaram no orgulho hipócrita de seus súditos, com um pavor em seus ouvidos, o Rei Tamâncio I sabia que precisava recolocar seu reino a guarda e prepara-lo para sua morte, precisava mostrar o mundo ao universo de cada habitante, sendo assim, sabia que um decisão tinha que ser tomada.

  A cargo de recolocar ao chão os monstros, chamou novamente seus mestres ordenando-lhes que fabricassem um lar capaz de retirar todas as hipocrisias de seu povo.

  Os mestres pensaram por dias à fio, recorreram a genialidade dos Burigas, e rezaram aos seus Deuses pela primeira vez, pesquisaram em si mesmos a resposta, e não encontraram.

  O Rei estava afoito, ansioso, há tempos não tinha noção de como andava seu ultimo projeto, mandou que procurassem os mestres, e nada de respostas, ordenou que chamassem os guardas que foram procurar os mestres, e nada de respostas, pediu que encontrasse o aldeão, e nada de resposta.

  Temeroso o Rei usou uma de suas ultimas energias e reuniu todo o reino para que encontrasse seus amigos, liderados por Rei Tamâncio I foram em busca pelo reino, vagaram por tempos e tempos até que ao longe, a beira da fronteira proibida, avistou-se uma edificação, chegando mais perto, perceberam que seus amigos estavam do lado de fora, em transe, caídos. Apenas uma pequena porta a lhes convidar a entrar, como todo líder e após discussões, foi-se lá o Rei adentrar um longevo lar.

  O que se viu depois foi somente um ser humano desgastado, sem energias, em transe o Rei correu e correndo cegamente ultrapassou os limites batendo forte contra a proteção do reino, que imediatamente se rachou.

  A proteção tinha sido feita contra ameaças externas ao reino, mas a batida veio de dentro, os mestres construíram o lar que o Rei queria, usaram a mesma tecnologia dos reflexos, sendo assim revestiram todo o lar, e quando entraram, não mais existiam, estavam invisíveis, suas energias drenadas, e o mesmo acontecia com o Rei, que não percebeu que de tanto tentar ser modesto figurou como egoísta, e que entrando ao lar perdeu na sua existência, tentando em vão correr, sendo para si seu próprio medo.

  O reino que antes era guerreiro criou sem desejar gerações de covardes, tentando se protegerem fugiram dos Deuses e do universo, transformaram-se em seres egoístas em seu pedestal, orgulhosos de sua falsa modéstia, hipócritas por filosofia, gerações comparadas a um câncer, que fincaram seu próprio reino no fracasso, covardes corajosos apenas para fugirem de suas existências. 

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