Assustado com a situação de seu mundo e ainda temendo
desesperadamente que aquelas energias chegassem a seu reino o Rei Tamâncio I pensava
num modo caloroso de proteger seu povo, nada lhe vinha à cabeça, tudo chegava
com a rapidez de mil cavalos andaluzes, em breve seu reino estaria em volto
pelo mal, inebriado pela promiscuidade, afastado de seus pensamentos.
Cansado, Rei Tamâncio I adormeceu aos braços do Deus
Fobos, sonhando com Têmis, afinal não saia de sua mente seus juramentos, quando
ainda jovem assumiu o trono, diante de sua família e seu povo.
Acordou e mesmo estarrecido pelo mal estar de ver que
eram apenas 3:00am, o Rei Tamâncio I levantou-se com dificuldades e se
encaminhou a varanda, onde viu homens treinando suas mentes, seus corpos, suas
habilidades, artísticas, sedutoras e de guerra, debruçou-se sobre o lindo
parapeito de rosas revestido pelo ouro, douradas memórias de antepassados guerreiros
e patriotas, que deram suas vidas à aquele reino. Em meio ao estresse da madrugada
o rei reparou que um curiango voava e delirava-se por um amanhã eu vou, em um
momento de extremo foco protege-se em um buraco na arvore fugindo dos Burigas,
seres serelepes e travessos, fascinado como a ave protegera-se, nem rememorizou
que em alguns cantos do planeta, ela é sinônimo de uma sina duvidosa.
O Rei então vagarosamente inclinou sua face para o alto,
reclinou-se viu seu leito de repouso, sentiu em sua nuca o chamado caloroso do
dia raiando, ele não podia, era sua obrigação proteger seu povo e assim com o
raiar do dia, com seu sorriso diplomático e o mais importante, com seus olhos
cobertos pelas chamas da criação e da coragem.
Imediatamente ordenou que construíssem altos muros, muros
esses que de tão resistente, não seriam vistos, nem pelos Deuses, chamou seus
mais renomados homens de corações mentais e lhes aferiu poderes para que
pudessem retirar das águas o poder de reter energias, de proteger seu povo e de
ficar invisível refletindo o mundo, lembrou aquele momento das histórias que
sua avó contará sobre Narciso.
E assim foi feito, feitiçarias em favor de um reino todo,
parecia milagres dos Deuses, ou seria dom do habilidoso Rei Tamâncio I, seria
ele capaz de enganar o mundo a favor de seu povo, ele sabia e acreditava que
toda ação tem consequências, mas naquela altura dos fatos o humilde Rei
pensava qual o valor de um Rei se ele não se sacrificar.
Sabendo que os Deuses lhe mandariam suas consequências,
mesmo assim, deu-se prosseguimento aos trabalhos no reino, com o passar do
tempo o povo viu um Rei se transformar em mágica, em mártir, em mito, um Deus
vivo entre os pobres mortais. Eles o idolatravam, seus exemplos tinham mudado o
reino, os lares de cada habitante, transfigurando guerra em paz e as mentes
criadoras do mundo entendiam isso.
O tempo se passou, e até os próprios habitantes tinham
esquecido que o reino era apenas parte do mundo e não o mundo era parte de seu
reino, muitos já haviam partido rumo à viagem do infinito, outros há tempos
tinham nascido, o reino mudará, se em cada conto aumenta-se um ponto, quantos
pontos não haveria de ter aumentado durante esse tempo.
Já era final de seu mandado e Rei Tamâncio I sabia que
sua viagem estava agendada, sentia com as mãos que os habitantes passaram de
guerreiros para benfeitores e de tais para hipócritas, seguidores de Hipócrito,
filosofo misto de gênio e louco, o Rei ainda percebia que se sua viagem agendada
estava, suas consequências estavam a baterem os portões, que mesmo ele não se
lembrava, onde ficavam, viu-se ai que seus males já estava entre eles, o Rei
reconhecia sua fragilidade e sua burrice, já que suspeitava que alguém ou
alguma coisa pudesse bater e destruir sua fortaleza.
E como previsão seus medos entraram em seus círculos cíclicos,
através de desbravadores, monstros guerreiros adoradores de Hades, que se
personificaram no orgulho hipócrita de seus súditos, com um pavor em seus
ouvidos, o Rei Tamâncio I sabia que precisava recolocar seu reino a guarda e
prepara-lo para sua morte, precisava mostrar o mundo ao universo de cada
habitante, sendo assim, sabia que um decisão tinha que ser tomada.
A cargo de recolocar ao chão os monstros, chamou
novamente seus mestres ordenando-lhes que fabricassem um lar capaz de retirar
todas as hipocrisias de seu povo.
Os mestres pensaram por dias à fio, recorreram a genialidade
dos Burigas, e rezaram aos seus Deuses pela primeira vez, pesquisaram em si
mesmos a resposta, e não encontraram.
O Rei estava afoito, ansioso, há tempos não tinha noção
de como andava seu ultimo projeto, mandou que procurassem os mestres, e nada de
respostas, ordenou que chamassem os guardas que foram procurar os mestres, e
nada de respostas, pediu que encontrasse o aldeão, e nada de resposta.
Temeroso o Rei usou uma de suas ultimas energias e reuniu
todo o reino para que encontrasse seus amigos, liderados por Rei Tamâncio I
foram em busca pelo reino, vagaram por tempos e tempos até que ao longe, a
beira da fronteira proibida, avistou-se uma edificação, chegando mais perto, perceberam
que seus amigos estavam do lado de fora, em transe, caídos. Apenas uma pequena
porta a lhes convidar a entrar, como todo líder e após discussões, foi-se lá o
Rei adentrar um longevo lar.
O que se viu depois foi somente um ser humano desgastado,
sem energias, em transe o Rei correu e correndo cegamente ultrapassou os
limites batendo forte contra a proteção do reino, que imediatamente se rachou.
A proteção tinha sido feita contra ameaças externas ao
reino, mas a batida veio de dentro, os mestres construíram o lar que o Rei
queria, usaram a mesma tecnologia dos reflexos, sendo assim revestiram todo o
lar, e quando entraram, não mais existiam, estavam invisíveis, suas energias
drenadas, e o mesmo acontecia com o Rei, que não percebeu que de tanto tentar ser
modesto figurou como egoísta, e que entrando ao lar perdeu na sua existência,
tentando em vão correr, sendo para si seu próprio medo.
O reino que antes era guerreiro criou sem desejar gerações
de covardes, tentando se protegerem fugiram dos Deuses e do universo,
transformaram-se em seres egoístas em seu pedestal, orgulhosos de sua falsa modéstia,
hipócritas por filosofia, gerações comparadas a um câncer, que fincaram seu próprio
reino no fracasso, covardes corajosos apenas para fugirem de suas existências.
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