Chega uma hora que temos que nos decidir, qual caminho
percorreremos, o doloroso ou com pedriscos, é inevitável o surgimento da dúvida
em potencial a atrapalhar os planos de guerra humano, criar ou não criar um
novo ser, um novo eu, deixaremos de lado o jeito criança e passional ou
mergulhamos na onda da exata hora, ser racional, comedido e selvagem, puro
instinto artificial.
A mudança já chega ao salão e quer tratamento completo,
choro e sorrisos e velas, ritual sagrado de transformação, os batuques já estremecem
os galopes do meu andar, as escadas já se fazem gigantes de aço rumo ao portal
do desconhecido, em diretriz singular ao homem que avisto no espelho, ao meu
adversário mais negro.
É difícil atingi-lo, ele é rápido, viril, ele sou eu, aquele
cara ali a me olhar freneticamente guiou meus passos até onde estou, desfaço ou
não desse olhar, os golpes ficam cada vez mais incomuns, é por causa da empatia
intensa que sinto, eu sei por onde ele foi e o que passou, qual foi seu
sofrimento, qual é, ainda, sua dor, eu vi sorrisos e discussões incansáveis, eu
enxerguei amor e aprendizados.
Quantos risos e cicatrizes compartilhados contigo, o sangue
jorrou de minhas mãos, impulsos cortados à lâmina fria, qual o teu desejo, a
morte para sempre lembrada, sinal de coragem ou a vida medíocre e mundana na
qual sempre fugimos.
A passos largos a janela me engole, o sol se engrandece, as
estrelas permeiam meu sono e você me olha incansavelmente nos meus olhos, é
incomodo te ver assim com essa alegria, e esse sorriso malicioso para mim, quer
me confundir, quer me ludibriar as fantasias de um futuro museológico
pseudo-neural.
Flores enfeitarão a entrada de minha mais nova residência, e
você estará juntando sua moldura estilhaçada, seu cinismo dará lugar ao meu
resplandecer, arpoador ilimítrofe da mais nova esfera intima planetária, esse
será você, esse será eu.
Recolho os cacos após pousar sobre as estrelas, a luz cegueia
o horizonte de palha, as paredes de madeira pulverizada permanecem ali com meus
riscos mil de metal, as nuvens se entrelaçam no reflexo do chão, solo que
abriga um passado, pisadas deixadas nos escombros do meu outro eu.
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