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terça-feira, 16 de abril de 2013

Reflexos cegos


  Chega uma hora que temos que nos decidir, qual caminho percorreremos, o doloroso ou com pedriscos, é inevitável o surgimento da dúvida em potencial a atrapalhar os planos de guerra humano, criar ou não criar um novo ser, um novo eu, deixaremos de lado o jeito criança e passional ou mergulhamos na onda da exata hora, ser racional, comedido e selvagem, puro instinto artificial.

  A mudança já chega ao salão e quer tratamento completo, choro e sorrisos e velas, ritual sagrado de transformação, os batuques já estremecem os galopes do meu andar, as escadas já se fazem gigantes de aço rumo ao portal do desconhecido, em diretriz singular ao homem que avisto no espelho, ao meu adversário mais negro.

  É difícil atingi-lo, ele é rápido, viril, ele sou eu, aquele cara ali a me olhar freneticamente guiou meus passos até onde estou, desfaço ou não desse olhar, os golpes ficam cada vez mais incomuns, é por causa da empatia intensa que sinto, eu sei por onde ele foi e o que passou, qual foi seu sofrimento, qual é, ainda, sua dor, eu vi sorrisos e discussões incansáveis, eu  enxerguei amor e aprendizados.

  Quantos risos e cicatrizes compartilhados contigo, o sangue jorrou de minhas mãos, impulsos cortados à lâmina fria, qual o teu desejo, a morte para sempre lembrada, sinal de coragem ou a vida medíocre e mundana na qual sempre fugimos.

  A passos largos a janela me engole, o sol se engrandece, as estrelas permeiam meu sono e você me olha incansavelmente nos meus olhos, é incomodo te ver assim com essa alegria, e esse sorriso malicioso para mim, quer me confundir, quer me ludibriar as fantasias de um futuro museológico pseudo-neural.

  Flores enfeitarão a entrada de minha mais nova residência, e você estará juntando sua moldura estilhaçada, seu cinismo dará lugar ao meu resplandecer, arpoador ilimítrofe da mais nova esfera intima planetária, esse será você, esse será eu.  

  Recolho os cacos após pousar sobre as estrelas, a luz cegueia o horizonte de palha, as paredes de madeira pulverizada permanecem ali com meus riscos mil de metal, as nuvens se entrelaçam no reflexo do chão, solo que abriga um passado, pisadas deixadas nos escombros do meu outro eu. 

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