Da onde vem esse medo que descubro agora, vem da perda,
da perdição, da falta que me faz tua luz, mágica dolorosa, que adentrou os meus
poros e me fez um ser febril, em toda sua plenitude eu te vivi, compartilhei
sonhos e festas ricas e pueris, buscando soluções entre um beijo ou outro.
Me desculpe por meus atos, ações infundadas que só
causaram dor e remorso, e num momento perguntei-me olhando o vento brilhar, o
que pensavas quando minh’alma ainda não se tinha armadurado, quais eram os
planos? O que tinha vislumbrado para mim?
Não há lugar que eu vá que eu não rememorizo seus
sorrisos, não há calçada que eu ande sem correr o risco de me jogar no mar de
asfalto, te salvando de monstros que avermelham seus olhos e ouvidos, mesmo
agora, inflamando sua alma.
Me culpo pelo atual momento, não acredito que atrapalhei
sua vida e de todos, minha chegada só trouxe bombons docemente amargos pelo fel
de minha presença, que pressentiu ciúmes e barcos à deriva no mar de lágrimas
que é a existência.
Você nem imagina a vida que te espera, abre seus olhos,
pois o espaço não me deixa controlar seu tempo, a angustia toma conta do duo
que sou hoje, desejo a todo instante te avisar que às vezes o cego não abraça,
e assim, escapa da rota de fuga dos melindres futuristas.
Não sou o filho que queria, não sou o homem que queria,
não sou o irmão que queria, eu não sou o que eu queria.
Me indago, era para pisar na lama desse jeito? Porque eu
quis ir à festa! Sem sentido.
Não enxergo por vezes como me equilibro em rochas
pesadas, as mesmas doem em meu rosto toda vez que me lembro das chamas que te
queimaram para que tu fosses o que és hoje, um ser admirável.
Maravilhas cinjas de
um tempo onde o pequeno era rei e tinha o destina como servo, bastou-lhe um
abraço no começo e outro ao fim da linha para que gelos descessem do fogaréu de
sua trilha.
Me desculpe por me sentir o estorvo, me desculpe pelas
desculpas, eu sei o quanto isso é irritante e fardoso numa mente sã, me
descause a maneira rude que lido com minhas pegadas, que ao tilintar de uma
tempestade vão descuidando-se até esquecerem.
Não conheço mais minhas qualidades, vivo alternadamente em
mundos disvirtuadamente paralelos, só vejo algo do que um dia foi, mas foi e
ainda não voltou, mesmo assim me desculpe, estou cego.
Peço, e clamo a algo o poder de voltar , apertar o
regredir das coisas somente para avisar como é belo o bater das ondas nas rochas
e perceber se o vento ainda esta forte, vai, ande logo, o tempo não para e
mesmo sabendo disso é quase impossível ver o novo sendo capa de museus,
vidraças a expor o que um dia foi e não é mais.
Às vezes me findo, sorrio os sorrisos que deveriam ser
mais alegres, sou pequeno, o grão é montanha ante meus olhos que inertes se
deixam levar pelo espelho mal fundado.
As falhas da minha lona são invisíveis perto da falta do
palhaço, mas o show tem que continuar, só esperava menos drama e mais comédia.
Continuo a crer na filosofia da porta que tem tranca, mas
não consegue se fechar, acredito que esse não era o sonho alimentado, qual era?
Como se chega ao mar de estrelas, afinal, de quem é a culpa?
E me termino, me confundindo com isso ou comigo, mas
sempre lhe pedindo pelos males que queimam a alma e criam tempestades, me desculpe,
em alguma parte eu ainda lhe sinto e vivo.
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